MINHAS MÃOS VAZIAS...
Se do claustro fechado
das minhas mãos vazias
brotassem árvores
refloridas de espanto;
Se, dos rios
de pedras sem margens,
nautas caravelas
encetassem rotas de viagens
e a saliva escorresse lívida,
leitosa,
amamentando
a Noite que chora...
na boca da tua Rosa...
E dos teus lábios
gelados se soltassem
Begónias singelas,
Em forma de palavras ...
Se as Andorinhas
voltassem ao pousio
do barro dos ninhos
na hora ruborescida
do final de todas as tardes.
E se as traças
não devorassem
os bordados dos lençóis
nupciais
e os brocados
de castas toalhas,
nos enxovais
dos sentidos
virgens por casar ...
E no olival
as árvores erguidas
não fossem mais
que somente
vultos sinistros,
retorcidos,
confusos,
desenhados em registos
de sombras a carvão,
no pálido fundo de cal -
nos muros intransponíveis
do teu escuro quintal.
Os seus frutos ovalados -
grossos bagos - ,
se projectassem
em turbinas de luz,
alúmen da candeia,
efervescente luminescência,
nas pupilas rasgadas d
o teu olhar fundo de Mar ...
Te digo, meu Amor ...
dispensaria neste Mundo
o brilho de todas
as Constelações de Estrelas.
Tu serias o meu Sol
eternamente a brilhar!
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Mel de Carvalho
...........................
Blog: O POnto do Poema.
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