SINTAM A MAGIA
DESTE POEMA DE WHITMAN,
CANTO DE MIM MESMO.
Quanto a ti, MORTE,
e teu, amargo abraço
de mortalidade,
é inútil tentarem me alarmar.
E quanto a ti, CADÁVER,
E quanto a ti, CADÁVER,
eu te considero bom adubo,
e isso não me choca,
Pois sinto
a fragrância doce
das rosas brancas crescendo;
Eu toco seus lábios de pétalas
e acaricio
os seios polidos dos melões.
E quanto a ti, VIDA,
eu acho que és
o remanescente
de muitas mortes
(sem dúvida eu mesmo
já morri dez mil vezes antes).
Eu vos ouço sussurrar,
Oh, estrelas dos céus,
Oh, sóis,
Oh, grama das sepulturas,
Oh, perpétuas
transmutações e promoções,
se vós não dizeis nada,
como posso eu
dizer alguma coisa?
Eu me elevo da lua,
eu me elevo da noite,
eu me lego ao pó
para nascer
da grama que eu amo.
Se me quiseres,
procura-me
debaixo da sola
das tuas botas,
tu mal saberás
quem eu sou,
ou o que significo;
contudo,
eu te farei bem,
e filtrarei
e darei fibra ao teu sangue.
Se, a princípio,
nos desencontrarmos,
não desanimes.
Se não me achares aqui,
procura-me ali;
em algum lugar
estarei esperando por ti.
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(Walt Whitman)
Colaboração,
do meu amigo:
Paulo Orlando
De Cabo Frio - RJ.