domingo, 29 de novembro de 2020
PEDRA BRUTA.
sábado, 28 de novembro de 2020
QUEM OUVIRÁ MEU GRITO?
QUEM OUVIRÁ MEU GRITO?
Quem, nessa hora,
francamente, ouvirá meu grito?
Se o que penso e falo agora,
são palavras atiradas ao vento.
O que eu escrevo não é nada...
Ninguém precisa ler o que eu rabisco.
O que eu digo não é tudo.
O que eu sinto,eu invento, minto.
Faltam palavras em minha boca...
Em meu vocabulário,
não sei usar dicionário.
Ninguém precisa ver tudo o que eu vejo
nem tampouco sentir tudo o que eu sinto.
Quando cai a noite e tudo emudece,
eu fico quieta e solitária como poeta
quando dá com os olhos num céu
repleto de estrelas e permanece parado,
estagnado e não sabe descrever tanta beleza.
Eu não sei de nada e só invento coisas
quando vejo tudo em alvoroço
e minha alma muda estremece...
Eu me recolho do mundo como um moribundo.
Mas ninguém precisa sair de seus lugares
para observar tais coisas.
Afinal, os dias passam, passam as horas
as estações do ano passam,
passa a vida e a humanidade também passa.
Contudo, e apesar de tudo,
ninguém precisa fazer nada.
E se eu falo, falo apenas por falar.
Minha voz rouca é só um eco
e vai, às vezes, pelas noites,
pelas alamedas iluminadas,
pelos jardins dos palácios,
pela periferia da cidade,
pelos portões dos barracos,
por toda parte.
Mas, a essa hora,
quem se importará comigo,
quem ouvirá minha voz,
quem acolherá meu grito ...
Quem???
sexta-feira, 27 de novembro de 2020
VISITA (Ferreira Gullar)
As mãos de meu pai
As tuas mãos têm grossas veias
como cordas azuis
sobre um fundo de manchas
já da cor da terra
— como são belas as tuas mãos
pelo quanto lidaram, acariciaram
ou fremiram da nobre cólera dos justos…
Porque há nas tuas mãos, meu velho pai,
essa beleza que se chama simplesmente vida.
E, ao entardecer, quando elas repousam
nos braços da tua cadeira predileta,
uma luz parece vir de dentro delas…
Virá dessa chama que pouco a pouco,
longamente, vieste alimentando
na terrível solidão do mundo,
como quem junta uns gravetos
e tenta acendê-los contra o vento?
Ah, como os fizeste arder, fulgir,
com o milagre das tuas mãos!
E é, ainda, a vida que transfigura
as tuas mãos nodosas…
essa chama de vida —
que transcende a própria vida…
e que os Anjos, um dia,
chamarão de alma.
Ferreira Gullar
no dia de
finados ele foi
ao cemitério
porque era o único
lugar do mundo onde
podia estar
perto do filho mas
diante daquele
bloco negro
de pedra
impenetrável
entendeu
que nunca mais
poderia alcançá-lo
Então
apanhou do chão um
pedaço amarrotado
de papel escreveu
eu te amo filho
pôs em cima do
mármore sob uma
flor
e saiu
soluçando
quinta-feira, 26 de novembro de 2020
PERSEVERANÇA.
PERSEVERANÇA.
O caminho é longo e estreito,
mas irei por ele, perseverante,
dia após dia, tropeçando nas pedras
pelo caminho, vencendo obstáculos,
confiante, salpicando flores,
apanhando espinhos.
E se, à frente da minha jornada,
acaso surgirem mais fáceis
e mais amplos atalhos em vãs orgias,
eu hei de conter minha ansiedade
e prosseguir, pacientemente,
pela mesma estrada, com minha cruz,
com meu calvário.
quarta-feira, 25 de novembro de 2020
A FELICIDADE.
A FELICIDADE.
A Felicidade
Eu a procurava por toda parte.
Felicidade, por onde andará ela?
Cansada de tanto procurá-la,
resolvi esquecê-la para sempre.
E o tempo passou, passou lentamente,
até que, de repente, em certa ocasião,
percebi que estava sendo seguida.
Alguma coisa estranha me tocava,
puxava- me os cabelos, soprava aos meus ouvidos,
fazia-me cócegas e eu sorria. Sorria sem parar.
Pois era ela, a própria, a felicidade,
bem ao meu alcance.
Ela andava comigo por toda parte:
Dormia e acordava ao meu lado.
Tomávamos o café da manhã,
íamos juntas para o trabalho,
E à noite, retornávamos
para casa.
Eu, dirigindo meu carro
E ela no banco do carona
visivelmente sentada,
Calma, sorridente, despreocupada.
terça-feira, 24 de novembro de 2020
POUCO IMPORTA.
Pouco Importa
Pouco importa o riso dos passantes,
Se na cama, não se beijam os amantes.
Não existe sol no céu do meu
viver sem teu amor.
Essa ânsia de querer-te me consome.
Penso em ti e te pressinto
Como um sonho que sonhei distante.
Criança impaciente, não me posso conter
Sem te querer.
Sou desse jeito, francamente, e não me culpo
se te amo tanto.
Não fui eu quem quis assim...
O destino te pôs, surpreendentemente,
Em meu caminho.
Te amo e te espero,
Porque somente a ti eu quero.
Meu desejo é uma chama ardente
E teu amor o néctar que mantém acesa
Essa chama eterna.
Te amo e te espero,
porque somente a ti eu quero.
Pouco importa o riso dos passantes,
Se, na cama, não se beijam os amantes.
segunda-feira, 23 de novembro de 2020
domingo, 22 de novembro de 2020
sábado, 21 de novembro de 2020
MALANDRO (Poesia)
MALANDRO
Todo dia a mesma coisa:
A mulher acordava cedinho
Fazia sua prece matinal,
passava o café fresquinho,
ia à padaria comprar o pão,
e preparava a marmita, cuidadosamente.
O despertador tocava insistentemente
e nada dele acordar.
-Levanta preguiçoso,
vai trabalhar, malandro.
“A vida é dura prá quem quer moleza”
sexta-feira, 20 de novembro de 2020
CADÊ VOCÊ?
CADÊ VOCÊ?
Cadê, cadê você?
Não foi por acaso,
que tudo mudou, de repente.
Você não é mais o mesmo.
Com o seu jeito, desajeitado até no falar,
você foi abrindo as asas, colocando a máscara,
e, tomando vôo, voou muito alto...
Soube tecer bem os seus nós,
enganar as massas, costurar acordos
engenhosos, nivelar por baixo.
Quem é você, afinal, que não tira a máscara?
Tudo hoje está muito claro.
Só não enxerga quem não quer.
Basta uma cuia de coco com farinha,
e a fome arregala os olhos,
abre a boca, e devora tudo ao seu redor.
A ignorância não enxerga o descaso das coisas.
A desgraça tem braços grandes, que vão
de um canto ao outro do mundo,
e os que a alimentam, certamente,
sabem adubar as suas raízes.
quinta-feira, 19 de novembro de 2020
MÃE É AMOR.
MÃE É AMOR.
Mãe gera com o corpo,
Nutre e cuida com o coração.
Mãe é amiga em hora boa,
Protetora permanente,
Preocupação constante.
Mãe sabe pintar sorrisos,
Enxugar lágrimas.
Mãe é colo de infinita capacidade,
Peito de inabalável paciência,
Sorriso e lágrima de empatia e carinho.
Mãe é expressão criativa da natureza,
E na essência transporta
o que há de mais divino.
Mãe é vida, é sustento do mundo,
Pois no ventre carrega a mágica da criação.
Mãe é amor incondicional,
Que vive eterno e profundo
no seu enorme coração.
segunda-feira, 16 de novembro de 2020
DOCE JUVENTUDE
Solidão é um cais baldio
repleto de vãos navios sem tripulação
Diário de bordo: “Perdemos sonhos pelo caminho…”
Mas, não faltou coração
Solidão é uma armadilha
do peito ferido, dos apartamentos
Querido Diário: “Eu bem que tentei sorrir…”
Mesmo que sorrisos pequenos
Quando me olhou pela terceira vez
vi que eu era feito de nuvens
Cai em tentação e tentei mais uma vez
Só que dessa vez, faltou coração
Você sobrou, eu calei
Que se dane os heróis, eu sou fora-da-lei
Solidão é preguiça dos braços
injustiça dos sapos com a lua
Jesus, por favor, faz do luar o meu lar
me faz ébrio palhaço das tolices de amar
Solidão é um mantra diário
de quem um dia foi escudo de lã
É que Vinícius me diz tanta coisa
que qualquer outra me parece vã
Quando me olhou por cima do Ray-Ban
em plena Orla de Atalaia
Que doce juventude Deus te deu, menina
Só que dessa vez, era um samba-canção
naquela tarde RocknRoll que passei
Mas, que se dane os heróis, eu sou fora-da-lei
sábado, 14 de novembro de 2020
A PAZ DE JESUS.
A paz de Jesus
sexta-feira, 13 de novembro de 2020
O QUE DIZER.
O QUE DIZER
Tudo depende do solo
em que é plantada
a semente e do modo
como é regada a terra.
Quem planta
boa semente
terá, certamente,
uma excelente colheita.
Os frutos serão
sadios, lindos e atraentes. .
No entanto, se não adubarmos
a plantinha quando essa
ainda for tenra,
se não a regarmos
desde muito cedo,
ela, certamente, se agarrará
às urtigas, se enfiará
entre as pedreiras
e não produzirá frutos
de boa qualidades
porque só as ervas
daninhas sobrevivem
entre pedregulhos.
Pois a “terra dá
o que nela se planta”.
quarta-feira, 11 de novembro de 2020
MEDO DE AMAR.
MEDO DE AMAR.
O amor bate em meu peito
e eu insisto em fechar a porta
do meu coração.
Tenho medo de amar,
de como outrora,
me fazer sofrer.
Eu não sei quanto
tempo já se passou...
Daqui dessa ilha
em que me encontro,
eu sinto gélida frigidez
em cada mão
que toco, em cada
olhar que vejo...
terça-feira, 10 de novembro de 2020
PÔ MANO.
PÔ MANO.
Todo esse modernismo é muito bom.
A ciência tecnológica avançou tanto nos últimos anos,Que dá medo, até.
Basta um tocar de dedos para saber tudo
o que está acontecendo no mundo.
É de cair o beiço. Ah! Se fosse assim na minha cidade.
Fazer amigos, namorar, casar, jogar,
Pesquisar, vender, comprar...
Fazer tudo isso sem precisar sair de casa,
Economizar tempo e palavras também,
Tipo assim:
“-Pô, mano”
“-Eu q. tc. c/ V.”
“-Tá legal, bicho”
“-E v. ficou c/ ela?”
“-Ô meu”
“- Pô , tô fora”
“V. ñ sacou?”
“Onde v. nasceu?”
“Em SP. Cap...e v.?”
Eu ? Eu nasci no nordeste.
O progresso ainda não chegou por lá.
Minhas contas, eu as faço na ponta do lápis,
E cartões de Natal, eu os envio pelo correio.
segunda-feira, 9 de novembro de 2020
EU EXISTO.
EU EXISTO.
Eu Existo,
porque ao redor de mim,
todas as coisas se movem,
respiram e vibram
emitindo aos meus ouvidos
sons melancólicos, ruídos, sururus,
e luzes sobre um cenário
que retrata figuras, ou melhor,
personagens que ilustravam
as páginas de uma estória
Que o tempo amarelou.
Eu existo,
porque, mesmo anônima entre as pessoas,
estou lúcida em memória.
Eu posso ver e sentir, em cada criatura,
a ilusão e desventura de um rosto triste;
o riso e a alegria de cada olhar que se cruza;
o amor e a desilusão de cada adeus;
a tristeza e a saudade de cada voz que se cala;
todos os momentos perdidos
em todo o ser que passa,
cada lágrima que rola,
cada beijo esquecido,
cada abraço apertado,
cada tocar de mãos,
cada despedida.
Eu existo e vivo, afinal,
para cantar, apenas,
este instante.
domingo, 8 de novembro de 2020
A poesia que a saudade escreveu
A saudade escreveu uma poesia
que não quis compartilhar com
o mundo; não permitiu que a ou
b a conhecesse.
A saudade sente
falta e por isso escreve poesia no
coração e alma de quem também
a sente e não a quer compartilhar.
A saudade joga com o tempo que
sempre se joga no tempo do choro
de quem não espera sem sofrer ou
sofre sem querer.
A saudade cruel
é quando abraça as lágrimas e as
carimba com sangue do coração
que carregado de triste, chora.
sábado, 7 de novembro de 2020
SONHEI E VIAJEI NO TEMPO.
Sonhei e viajei no tempo
por alguns momentos.
Talvez, fosse o meu delírio,
o derradeiro anseio d’alma
numa outra dimensão,
alheia à própria razão.
Densas brumas entre ondas,
estranhos vultos na noite escura,
dançando a dança do vento
ao redor de mim.
E a música, como uma marcha fúnebre,
tocava, tocava, sem parar.
E o som melancólico ecoava pelo mar,
E escorria pelas geleiras de minha alma.
Ah! Parecia tudo tão vivo, tão real,
e eu, atônita, te procurava
entre os castelos erguidos sobre
as areias brancas da fantasia.
Mas, tu... tu eras apenas uma miragem.
Eu te chamava, e tu fugias, fugias...
sexta-feira, 6 de novembro de 2020
AQUELES FELIZES.
AQUELES FELIZES
Aqueles felizes, meu bem
Aqueles felizes…
quinta-feira, 5 de novembro de 2020
CAMPONEZA.
CAMPONEZA.
Eu não vou mais escrever versos
Tentar imitar poetas
Que nunca chegarei a ser.
A lua dantes prateada
Linda musa inspiradora
Dos poetas apaixonados
Pertence hoje aos astronautas.
O homem constrói naves espaciais
Gasta milhões de dólares inutilmente
Procurando vida noutros planetas
mas a vida, a vida se encontra aqui,
neste lugar paradisíaco (a terra)...
Eu vejo ovelhas magras,
famintas em pastos secos,
em busca do que comer.
Eu sou camponesa,
Pastoreio rebanhos ,
Eu vivo no campo.
Meu lugar é na terra.
quarta-feira, 4 de novembro de 2020
O POETA DAS ESTRELAS.
O POETA DAS ESTRELAS.
Voa, poeta, voa,
que tens plumas para voar.
Deus te deu asas de águia,
e os céus por liberdade.
Deu-te as estrelas infinitas,
Lua e terra, céu e mar.
Voa poeta das estrelas,
vai para o teu habitat.