O que acharam do meu blogs?

Aos meus amigos

Sabendo que a nossa vida é por um tempo, é passageira; quero aqui declarar que umas das melhores e grandes coisas que pude receber e manter sempre viva, sempre acesa é e sempre será a amizade dos meus amigos. Este blogs tem como objetivo levar a todos amigos e amigas que a ele visitarem, sempre, uma palavra, uma ideia e um motivo de encontrarem respostas para suas inspirações, meditações e crescimento na fé.

Seguidores

segunda-feira, 31 de maio de 2021

ESTE RELÓGIO

 CORA CORALINA – ESTE RELÓGIO

I

Relógio novo, vertical
na parede.
Entrou à casa nova
pela porta amável dos presentes
em dia de casamento.

II

Relógio novo, casa nova.
Horas de sono, de acordar.
É o carrilhão dos beijos
de gente moça que juntou
as mãos um dia,
que ligou os destinos
ante um altar
para a travessia da vida.

III

Relógio novo,
discreto, silencioso.
Utilidade silenciosa
na agitação ruidosa
da vida.
Marca só, não bate
as horas felizes
que em ronda
vão chegando,
vão passando,
sempre renovadas.

IV

Relógio novo, logo mais
você marcará também,
a chegada de alguém
que se espera
com o enlevo dos pais
e ternura da avó.

V

O dedinho da criança
um dia (estará você mais velho)
apontará o mostrador
sorrindo.
Decifrará os números,
aprenderá consigo
a leitura das horas:
Horas do batizado,
dos primeiros passos.
Horas da escola –
ida e volta.

VI

Meninos virão
e indagarão de você
o tempo que passa:
Breve, alegre para uns,
longo, inexpressivo para outros.
O menino, o homem.
O ritmo da vida
que os ponteiros vão marcando.

VII

Relógio novo, vertical
na parede.
Relógio amigo
vai marcando horas…
Marca sempre
horas felizes
neste lar.
Marca sempre
para minha filha
as horas boas
que não marcou
para mim…

Cora Coralina, Meu livro de cordel

domingo, 30 de maio de 2021

OS SONHOS PEDEM CAFUNÉ

 ZETHO CUNHA GONÇALVES – OS SONHOS PEDEM CAFUNÉ

– Mãe,
sonhei com o deserto,
mas não vi passar a serpente.

– Meu filho,
se aquilo que sonhaste não chega
para encheres a barriga
ao teu desejo e ao teu sossego,
canta,
canta, com a voz voltada para o nascente,
enquanto lavras,
e lavras a força
e a dança do leopardo.

– Mãe,
sonhei com a floresta,
mas a floresta não tinha céu,
não crescia da Terra,
não tinha árvores nem capim.

– Meu filho,
se aquilo que sonhaste não presta,
joga tudo no fogo, pela manhã,
e diz:

“Bom dia,
ó Dia acabado de nascer,
bom dia!

Faz
com que os ancestrais
devorem todos os meus medos,
aceitem esta pequena labareda
e espantem dos nossos caminhos o Kapapa
e os Cazumbis!

Bom dia,
ó Dia acabado de nascer,
bom dia!”

– Mãe,
sonhei com o rio,
mas não vi a água que ele levava,
não sei se tinha peixe
ou jacaré.

– Meu filho,
se aquilo que sonhaste te deixou confuso,
lava-te na primeira água da chuva,
antes de te sentares na pedra,
com as mãos estendidas para o fogo,
à espera da noite.

– Mãe,
sonhei tanto, tanto,
esta noite!…

– Meu filho,
deita aqui a tua cabeça,
porque meus
são os prodígios e os teus dias,
que crescem,
crescem,
a encantar os horizontes,
iluminando
a tua altura de menino.
Deita,
deita aqui a tua cabeça,
meu filho.

Zetho Cunha Gonçalves, Rio sem margem

quinta-feira, 27 de maio de 2021

MÁQUINA DO MUNDO.

  ANTÓNIO GEDEÃO – MÁQUINA DO MUNDO

O Universo é feito essencialmente de coisa nenhuma.
Intervalos, distâncias, buracos, porosidade etérea.
Espaço vazio, em suma.
O resto, é a matéria.

Daí, que este arrepio,
este chamá lo e tê lo, erguê lo e defrontá lo,
esta fresta de nada aberta no vazio,
deve ser um intervalo

quarta-feira, 26 de maio de 2021

QUADRAS.

 ANTÓNIO ALEIXO – QUADRAS

Eu não tenho vistas largas
Nem grande sabedoria,
Mas dão-me as horas amargas
Lições de filosofia.
…………………………………

Há lutas por mil doutrinas.
Se querem que o mundo ande,
Façam das mil pequeninas
Uma só doutrina grande.
…………………………………

Da guerra os grandes culpados
Que espalham a dor da terra,
São os menos acusados
Como culpados da guerra.

Se os homens chegam a ver
Por que razão se consomem,
O homem deixa de ser
O lobo do outro homem.
……………………………………..

Embora os meus olhos sejam
Os mais pequenos do mundo,
O que importa é que eles vejam
O que os homens são no fundo.

 

António Aleixo, Este livro que vos deixo

terça-feira, 25 de maio de 2021

 CONDENAÇÃO FATAL

Ó mundo, que és o exílio dos exílios,
Um monturo de fezes putrefato,
Onde seres vis circula nos concílios.

Onde de almas em pálidos idílios
O lânguido pefume mais ingrato
Magoa tudo e é triste como o tato
De um cego embalde levantando os cílios.

Mundo de peste, de sangrenta fúria
E de flores leprosas da luxúria,
De flores negras, infernais, medonhas.

Oh! como são sinistramente feios
Teus aspectos de fera, os teus meneios
Pantéricos, ó Mundo, que não sonhas!

cruz e souza, Últimos sonetos


sábado, 22 de maio de 2021

prece de natal

 PRECE DE NATAL

Menino Jesus 
De novo nascido, 
Baixai o sentido 
Para a nossa cruz! 

Vede que os humanos 
Erros e cuidados 
Nos são tão pesados 
Como há dois mil anos. 

A nossa ignorância 
É um fardo que arde. 
Como se faz tarde 
Para a nossa ânsia! 

Nós somos da Terra, 
Coisa fria e dura. 
Olhai a amargura 
Que esse olhar encerra. 

Colai o ouvido 
À alma que sofre; 
Abri esse cofre 
Do sonho escondido. 

Pegai nessa mão 
Que treme de medo; 
Sondai o segredo 
Da minha oração. 

Esta pobre gente 
Que mal é que fez? 
Nós somos, talvez, 
Um povo «inocente»… 

Menino Jesus 
Que andais distraído 
Baixai o sentido 
Para a nossa cruz! 

A mais insofrida 
De tantas misérias 
– Não termos mais férias 
Ao longo da vida – 

Trocai por amenas 
Manhãs sem cuidados, 
Silêncios banhados 
De ideias serenas; 

Por cantos e flores 
Risonhas imagens 
Macias paisagens 
Felizes amores! 

Carlos Queirós, Antologia Poética 

sexta-feira, 21 de maio de 2021

HUMANO PESO.

 CARLOS NEJAR – HUMANO PESO

Os sonhos não os têm só que navega
ou tenta navegar no vento aceso,
mas quem por abismos fica ileso
como se flutuasse numa verga

e as âncoras baixassem na tristeza
ou tristes conduzíssemos o peso,
mais a desolução da carne, a intensa
gravidade das coisas, homem preso

ao mínimo das águas, desatento
aos astros, aos planetas e se alterna
mas é somente febre disparada.

O sonho, o frágil corpo, os elementos
navegam as mudanças subalternas
e os nadas de espuma, em puro nada.

Carlos Nejar, Amar, a mais alta constelação

quinta-feira, 20 de maio de 2021

A CAÇA SUBMISSA.

 CARLOS MACHADO – A CAÇA INSUBMISSA

Nada possuis do outro
nem corpo nem asa
nem mesmo o sopro
morno da palavra

teu é apenas o perfume
de carne e cedro
que aspiras na pele
da caça insubmissa

nada é teu: dorme
e inventa no sonho
outra forma de laço
caça sem caçador

Carlos Machado, Tesoura cega

quarta-feira, 19 de maio de 2021

BOCA

CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE – BOCA

Boca: nunca te beijarei.
Boca de outro, que ris de mim,
no milímetro que nos separa,
cabem todos os abismos.

Boca: se meu desejo
é impotente para fechar-te,
bem sabes disto, zombas
de minha raiva inútil.

Boca amarga pois impossível,
doce boca (não provarei),
ris sem beijo para mim,
beijas outro com seriedade.

Carlos Drummond de Andrade, Brejo das almas

terça-feira, 18 de maio de 2021

APENAS UM POEMA DE SAUDADE.

 CARLOS BOSCACCI 

– APENAS UM POEMA DE SAUDADE

Todos os dias são de saudade,
A Cada minuto que passa uma recordação.
Tendo você ao meu lado: Felicidade!
Quando você me deixar não será esquecida.
Terá lugar dentro deste coração.

Quando estava triste,
você sempre esteve do meu lado,
quando achava estar só,
vi que você não é sonho, você existe.

Você trouxe a minha vida tantas cores,
vives no meio daquelas flores,
nesse imenso jardim.
Seu perfume é suave como o da flor de jasmim.

Sua presença me fez recuperar
minha crença perdida.
Quando para tudo dizia não,
você vinha dizer que sim.
Todo o dia ficava te esperando,
mesmo que estivesses tão distante, mas quero que saibas;
Que continuo te amando.

Carlos Boscacci, Meus Sonhares, Meus Cantares

segunda-feira, 17 de maio de 2021

BREVE MEMÓRIA.

 CAIO FERNANDO ABREU – BREVE MEMÓRIA

De ausências e distâncias te construo
amigo
amado.
E além da forma
nem mão
nem fogo:
meu ser ausente do que sou
e do que tenho, alheio.

Na dimensão exata de teu corpo
cabe meu ser
cabe meu voo mais remoto
cabem limites, transcendências.
Na dimensão do corpo que tu tens
e que eu não toco
cabe o verso torturado
e um espesso labirinto de vontades.

 

Caio Fernando Abreu, Poesias nunca publicadas de Caio Fernando Abreu

domingo, 16 de maio de 2021

NÃO ME LEVES.

 BRAZ CAMPOS DURSO – NÃO ME LEVE

Não caminhe por caminhos
Que o destino não nos levará
Não permita-me te encontrar
Onde não mais possa te tocar

Você ainda nem descobriu
Toda a força do amor
Nem sabe ao menos
Reconhecer qual o valor

Momentos fecundos
Calados em seu coração
Aprisionados dentro
De uma única canção

Por isso não me leve
Aonde não possa desejar
Desafios nascidos
Nas incertezas do pensar

 

Braz Campos Durso, Janelas abertas

sábado, 15 de maio de 2021

A HORA DO LOBO.

 BRAULIO TAVARES – NA HORA DO LOBO

Quando um homem consome a madrugada
rabiscando umas folhas de papel
e ele sabe que a vida é tonelada
oscilando na ponta de um cordel;
ele sabe que o fim de toda estrada
não desagua no inferno nem no céu,
e ele pensa na feira, na empregada,
água e luz, condomínio e aluguel;

Quando um homem fatiga a voz cansada
com palavras da Torre de Babel
e ele entende que a coisa mais amada
se transmuda na coisa mais cruel;

Quando a taça em que bebe está quebrada,
tanto vidro a boiar em tanto fel
e no peito uma dor desatinada
essa dor que é tão nítida e fiel;

Quando um homem de boca tão calada
sente a mente girar num carrossel,
ele escreve através da madrugada
com cuidados de abelha que faz mel:
sua vida, talvez, foi destinada
a salvar estas folhas de papel.

 

Braulio Tavares, O homem artificial

sexta-feira, 14 de maio de 2021

NÃO SEI SE ISTO É AMOR.

 CAMILO PESSANHA – NÃO SEI SE ISTO É AMOR

Não sei se isto é amor. Procuro o teu olhar,
Se alguma dor me fere, em busca de um abrigo;
E apesar disso, crê! nunca pensei num lar
Onde fosses feliz, e eu feliz contigo.
Por ti nunca chorei nenhum ideal desfeito.
E nunca te escrevi nenhuns versos românticos.
Nem depois de acordar te procurei no leito
Como a esposa sensual do Cântico dos cânticos.
Se é amar-te não sei. Não sei se te idealizo
A tua cor sadia, o teu sorriso terno…
Mas sinto-me sorrir de ver esse sorriso
Que me penetra bem, como este sol de Inverno.
Passo contigo a tarde e sempre sem receio
Da luz crepuscular, que enerva, que provoca.
Eu não demoro a olhar na curva do teu seio
Nem me lembrei jamais de te beijar na boca.
Eu não sei se é amor. Será talvez começo…
Eu não sei que mudança a minha alma pressente…
Amor não sei se o é, mas sei que te estremeço,
Que adoecia talvez de te saber doente.

 

Camilo Pessanha, Clepsidra

quarta-feira, 12 de maio de 2021

HINO À DEUS.

BERTOLT BRECHT – HINO A DEUS 1 Fundo em vales sombrios sucumbem os famintos. Você, porém, lhes mostra o pão e os deixa à morte. Você, porém, no trono eterno e fulgurando Invisível e cruel sobre o plano sem fim. 2 Deixou morrer os jovens e os bon-vivants, mas Os que queriam a morte, você não deixou… E muitos dos que estão apodrecendo agora Morreram acreditando em você, e confiantes. 3 Deixou os pobres pobres por anos, porque O anseio deles era mais lindo que o Reino Dos Céus; morreram antes que você viesse Com a luz; salvaram-se – mas logo apodreceram. 4 Muitos dizem: não há você e melhor assim. Mas como pode inexistir quem tanto engana? Se tantos vivem/morrem por você – me diga Que dano pode haver — em não haver você? Bertolt Brecht, Poesia

terça-feira, 11 de maio de 2021

VIDA BANDIDA.

BERNARDO VILHENA – VIDA BANDIDA Chutou a cara do cara caído traiu o melhor amigo corrente soco-inglês e canivete o jornal não poupou elogios sangue & porrada na madrugada É preciso viver malandro não dá pra se segurar a cana tá brava a vida tá dura mas um tiro só não dá pra derrubar correr com lágrimas nos olhos não é pra qualquer um mas o riso corre fácil quando a grana corre solta precisa ver os olhos da mina na subida da barra aí é só de brincadeira ainda não inventaram dinheiro que eu não pudesse ganhar Bernardo Vilhena, 26 poetas hoje

domingo, 9 de maio de 2021

HOMENAGEM ÀS MÃES.

Homenagem às mães Mãe, amor sincero sem exagero. Maior que o teu amor, só o amor de Deus... És uma árvore fecunda, que germina um novo ser. Teus filhos, mais que frutos, são parte de você... És capaz de doar a própria vida para salva-los. E muito não te valorizam... Quando crescem, de te esquecem. São poucos, os que reconhecem... Mas, Deus nunca lhe esquecerá. E abençoará tudo que fizerdes aos seus... Peço ao Pai Criador que abençoe você. Um filho precisa ver o risco que é ser mãe... Tudo é cirurgia, mas ela aceita com alegria. O filho que vai nascer... Obrigado é muito pouco, presente não é tudo. Mas, o reconhecimento, isso! Sim, é pra valer... Meus sinceros agradecimentos por este momento. Maio, mês referente às mães, embora é bom lembrar... Dia das mães, que alegria é todo dia. J.Bernardo

sábado, 8 de maio de 2021

CAIO FERNANDO ABREU – BREVE MEMÓRIA De ausências e distâncias te construo amigo amado. E além da forma nem mão nem fogo: meu ser ausente do que sou e do que tenho, alheio. Na dimensão exata de teu corpo cabe meu ser cabe meu voo mais remoto cabem limites, transcendências. Na dimensão do corpo que tu tens e que eu não toco cabe o verso torturado e um espesso labirinto de vontades. Caio Fernando Abreu,

sexta-feira, 7 de maio de 2021

ME LEVE.

NÃO ME LEVE Não caminhe por caminhos Que o destino não nos levará Não permita-me te encontrar Onde não mais possa te tocar Você ainda nem descobriu Toda a força do amor Nem sabe ao menos Reconhecer qual o valor Momentos fecundos Calados em seu coração Aprisionados dentro De uma única canção Por isso não me leve Aonde não possa desejar Desafios nascidos Nas incertezas do pensar Braz Campos Durso, Janelas abertas

terça-feira, 4 de maio de 2021

DIREÇÃO.

BRUNA LOMBARDI – DIREÇÃO Quando me perdi de mim, eu, assombrada com o que acontecia à minha volta, tentei achar a porta da morada de um lugar que já não estava mais onde o deixei. Já não sabia mais qual o caminho onde achar um mapa ou estrela que orientasse se a voz de Deus já não chegava nesse abismo se já não havia mais quem me escutasse. Se eu soubesse que cada pecado que cometi e quando, mesmo doendo, eu dei a outra face, cada batalha que enfrentei e cada vez que deixei que me cortassem, que tudo isso foi a mistura necessária pra que eu aos poucos me tornasse a purificação desse estado de coisas que agora me transforma no que sou. Não existe mais procura do caminho. O caminho é apenas onde estou. Bruna Lombardi, Clímax

domingo, 2 de maio de 2021

QUANTO, QUANTO ME QUERES?

 QUANTO, QUANTO ME QUERES?

Quanto, quanto me queres? — perguntaste
Numa voz de lamento diluída;
E quando nos meus olhos demoraste
A luz dos teus senti a luz da vida.

Nas tuas mãos as minhas apertaste;
Lá fora da luz do Sol já combalida
Era um sorriso aberto num contraste
Com a sombra da posse proibida…

Beijámo-nos, então, a latejar
No infinito e pálido vaivém
Dos corpos que se entregam sem pensar…

Não perguntes, não sei — não sei dizer:
Um grande amor só se avalia bem
Depois de se perder.

 

António Botto, Canções de António Botto

sábado, 1 de maio de 2021

MÃE. - ANTERO DE QUENTAL.

 ANTERO DE QUENTAL – MÃE…

Mãe — que adormente este viver dorido,
E me vele esta noite de tal frio,
E com as mãos piedosas ate o fio
Do meu pobre existir, meio partido…

Que me leve consigo, adormecido,
Ao passar pelo sítio mais sombrio…
Me banhe e lave a alma lá no rio
Da clara luz do seu olhar querido…

Eu dava o meu orgulho de homem — dava
Minha estéril ciência, sem receio,
E em débil criancinha me tornava,

Descuidada, feliz, dócil também,
Se eu pudesse dormir sobre o teu seio,
Se tu fosses, querida, a minha mãe!

Antero de Quental, Sonetos completos