DE LIVRO ABERTO.
De livro aberto
Com folhas desperto
Me movo sem cansaço
Com papel no regaço
Me relaxo e ultrapasso
Enquanto marco o passo
Através de folhas
me confesso
Dolorosas letras
com frente e verso
Pensamentos dispersos
Não creio
no mundo sem letras
Sem capas
e frases tormentas
Só creio
em dias letrados
que o são
Vozes roucas
de coração
Pensamentos famintos
Que embutem o ego
Pergaminhos únicos
nos quais escorrego...
Porque estão lá
Porque eu fui
Porque me movi
num mar que se dilui
De pensamentos
sem voz
De momentos
que de um mar
são a foz
Por casas construídas
com vidas moldadas
Passos bem evidentes
nas folhas que
são calçada
Me mostro
como desgosto.
Disfarço
porque não posso
medos e desejos
Despojos
atirados de penedos
Onde ondas másculas
num mar refinado
Viram páginas
para o outro lado.
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Luis Bacalhau
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