CHEGASTE NUM DIA DE CHUVA
Chegaste num dia de chuva.
Quando vieste,
trazias a lua sobre
trazias a lua sobre
a prata do antebraço
e a vida repleta
e a vida repleta
de espelhos partidos,
não permanecias.
não permanecias.
Chegaste enquanto
eu dançava
sobre as mesas,
antes
antes
que os primeiros
grandes aguaceiros
iniciassem
o outono e o fulgor
o outono e o fulgor
interdito de um corpo,
que antes enlouquecia
que antes enlouquecia
lentamente sobre as mesas
na contemplação
na contemplação
dos ventres
das deusas antigas.
Essas que chegaram
antes de ti.
Com as bocas cheias de sal.
Com as espáduas
Com as bocas cheias de sal.
Com as espáduas
pintadas a cal.
só elas sabem
só elas sabem
como a carne
é inculcável,
quando ama.
Com elas
quando ama.
Com elas
aprendi a soletrar
as profecias
das rosas
das rosas
e a prece de olvidos
dos rios correndo
para o ventre
dos rios correndo
para o ventre
das mulheres com o cio,
onde, na ânsia
onde, na ânsia
de lírio das mães,
germina o caule da veia,
se o amor
germina o caule da veia,
se o amor
é a equidistante distância,
o equidistante delta
das bocas abertas
o equidistante delta
das bocas abertas
para a concessão da rosa
rente ao sucinto
rente ao sucinto
equilíbrio da cintura:
Barco naufragado
Barco naufragado
no olvido
dos ventres escalando
a côncava nudez
dos ventres escalando
a côncava nudez
da permanência.
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Luís Manuel Felício Lourenço
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Blog O Ponto do Poema.
publicado por poesiaemrede às 15
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