POEMA MELANCÓLICO
A NÃO SEI QUE MULHER.
Dei-te os dias,
as horas
e os minutos
Destes anos
de vida
que passaram;
Nos meus versos
o que ficaram?
Imagens
Que são
máscaras
anônimas
Do teu rosto
proibido.
A fome
insatisfeita
que senti
Era de ti,
Fome
do meu instinto
Que não foi ouvido.
Agora retrocedo,
Leio os versos,
Conto as desilusões
no rol do coração.
Recordo
o pesadelo
dos desejos,
Olho
o deserto humano,
Desolado,
E pergunto
porquê,
por que razão
Nas dunas
do teu peito
o vento passa
Sem tropeçar
na graça
Do mais
leve sinal
da minha mão...
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Miguel Torga –
Poeta português
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