APOCALIPSE.
Tudo está mudado.
O ar pesado,o céu nebulento
escuro de fumaça.
Os rios transbordando de espuma
parecem montanhas de cal.
Os peixes mortos, envenenados nas águas,
as florestas devastadas pelas queimadas,
a flora, a fauna, tudo em extinção...
Os mares, espelhos de óleo de petróleo,
os telhados das casas, cor de carvão.
Na cidade, engarrafamento de carros,
trombadas, mortes, acidentes criminosos,
Nas praças e nos jardins das Metrópolis
nenhuma criança brincando nos parques,
nenhum casal de namorados
passeando de mãos dadas.
Apenas alguns pardais, ciscando
as palhas do gramado seco,
vão pousar, depois, sobre a estátua
tombada do jardineiro no canteiro.
Algumas abelhas e borboletas
e os derradeiros beija-flores
sobrevoam, ainda, as flores,
murchas e persistentes,
que resistem aos açoites dos ventos
e à indiferença do próprio tempo.
Meditativa e assustada
com a evolução das coisas,
eu me pergunto, tantas vezes perdida
e passiva em meu silêncio mortal:
O que virá a ser tudo isso, afinal?
O avanço da ciência, da tecnologia,
o progresso do homem
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