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domingo, 29 de setembro de 2019

INJUSTIÇA.

INJUSTIÇA 

Ontem o pregador 
de verdades dele
Falou outra vez comigo.
Falou do sofrimento 
das classes que trabalham
(Não do das pessoas que sofrem,
 que é afinal quem sofre).
Falou da injustiça 
de uns terem dinheiro,
E de outros terem fome, 
que não sei se é fome de comer,
Ou se é só fome 
da sobremesa alheia.
Falou de tudo 
quanto pudesse fazê-lo zangar-se.
Que feliz deve ser 
quem pode pensar 
na infelicidade dos outros!
Que estúpido se não sabe 
que a infelicidade dos outros é deles.
E não se cura de fora,
Porque sofrer não é ter falta de tinta
Ou o caixote não ter aros de ferro!
Haver injustiça 
é como haver morte.
Eu nunca daria 
um passo para alterar
Aquilo a que chamam 
a injustiça do mundo.
Mil passos 
que desse para isso
Eram só mil passos.
Aceito a injustiça 
como aceito uma pedra 
não ser redonda,
E um sobreiro 
não ter nascido 
pinheiro ou carvalho.
Cortei a laranja em duas, 
e as duas partes não podiam ficar iguais.
Para qual fui injusto 
— eu, que as vou comer a ambas?
............................................
Autor: Alberto Caeiro

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