QUALÉ
(1984)
Tóxico...
Demônio colorido
Que povoa o abismo
de um viciado.
Não há lei nem na terra
e nem no ar
Que converta a mentalidade
de um drogado.
Ele é um escravo
Que um caminho
não descobre
Pra varrer o domínio
do seu domador.
Se hoje “é uma boa
transar um bagulinho”
No futuro
será bem maior a sua dor.
“Qualé”,
“corta essa”,
“tô na minha!”
São palavras
que ouvimos quase sempre.
Mas o seu sangue
o demoninho vai minando
Pra afinal vir também
parar a sua mente.
É bonito “xará”
beber e fumar?
Achas bom
pra ser homem
ou mulher
Desde cedo
ir “transando”?
“Podes crer”.
Que o homem
pra ser homem
A mulher pra ser mulher
Não precisa
nada disso ir buscando.
“Eu to contigo”,
“meu irmão”
“Eu te amparo”.
E nós juntos
“vamos ter
um papo aberto”.
“E eu vou te apresentar
uma barbada”.
E você vai encontrar
o caminho certo.
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Poesia de Erleu Fernandes.
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