EXPIAÇÃO
Nunca me respondeste,
quando te chamei,
E só Deus sabe
E só Deus sabe
como era urgente e aflita
A minha voz!
Mas, desgraçadamente sós,
Morrem os que se afogam
No mar da sua própria condição.
O meu,
A minha voz!
Mas, desgraçadamente sós,
Morrem os que se afogam
No mar da sua própria condição.
O meu,
sem margens,
é um descampado
Desabrigado.
Vagas e vagas de solidão,
E a tua imagem,
Desabrigado.
Vagas e vagas de solidão,
E a tua imagem,
litoral sonhado,
Sempre evocada em vão.
Nunca me respondeste,
Sempre evocada em vão.
Nunca me respondeste,
e foi melhor assim.
Um náufrago perpétuo
Um náufrago perpétuo
é um pesadelo.
Dizer-me o quê?
Que, de longe,
Dizer-me o quê?
Que, de longe,
me vias afogar,
Mas que nada podias.
Pois sabias
Que os poetas jurados,
Humanas heresias,
Nascem condenados
A morrer afogados
Todos os dias
No tormentoso
Mas que nada podias.
Pois sabias
Que os poetas jurados,
Humanas heresias,
Nascem condenados
A morrer afogados
Todos os dias
No tormentoso
Mar dos seus pecados.
***
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