RAZÃO
(Autor: Alberto Caeiro)
Como quem num dia de Verão
abre a porta de casa
E espreita para o calor dos campos
com a cara toda,
Às vezes, de repente,
bate-me a Natureza de chapa
Na cara dos meus sentidos,
E eu fico confuso, perturbado,
querendo perceber
Não sei bem como nem o quê...
Mas quem me mandou
a mim querer perceber?
Quem me disse
que havia que perceber?
Quando o Verão me passa pela cara
A mão leve e quente da sua brisa,
Só tenho que sentir agrado
porque é brisa
Ou que sentir desagrado
porque é quente,
E de qualquer maneira
que eu o sinta,
Assim, porque assim o sinto,
é que é meu dever senti-lo..


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